A tanatopraxia é o conjunto de processos que prepara e conserva o cadáver para os ritos fúnebres, a fim de desacelerar a decomposição natural do corpo. Mas esse não é o único fim. O processo também deixa o corpo com aparência agradável, facilitando a despedida da família.
Isso pois essa última visão da pessoa amada é a que ficará estampada mais fortemente na memória dos seus entes queridos. A tanatopraxia se mostra, assim, como uma última demonstração de carinho para quem amamos.
Como Funciona a Tanatopraxia?
O primeiro passo do processo é a preparação dos materiais a serem usados. Logo em seguida, o corpo é posto sobre uma mesa, passando por avaliação de massa corpórea.
Depois é inserido um produto, por meio de injeção, para a drenagem dos líquidos. Para facilitar a distribuição, o corpo precisa ser massageado (já que não existe mais circulação). Em seguida, o corpo descansa por 30 minutos. Depois de todos os líquidos serem aspirados, é colocado o algodão para tamponar o nariz e a boca.
Os procedimentos finais começam com o corpo sendo lavado e vestido. Depois é feita a necromaquiagem, para dar um aspecto mais natural à pessoa. Isso existe para dar um aspecto saudável e corado ao corpo, passando a noção de bem-estar.
Não podemos nos esquecer que, em alguns casos, a tanatopraxia possibilita que o rosto da pessoa seja reconstruído. Isso ocorre em casos de acidentes ou doenças que desfigurem a face. Também é usada essa técnica quando o corpo é encontrado já em estado de decomposição.
Nesses sentidos, a tanatopraxia se destina a oferecer uma despedida digna à pessoa amada. Isso dispensa o uso de caixões fechados, durante a cerimônia, como ocorre em diversas ocasiões.
Uma pessoa que tenha morrido de causas naturais leva, de 1 hora a 90 minutos para ser preparada para o velório, em média. Por isso, é importante saber quando e em que circunstâncias ocorreu o óbito, para saber que processos serão realizados. Em alguns casos, os procedimentos levam até 4 horas para serem finalizados.
Processo esses que só podem ser realizados em locais apropriados (mesmo que seja uma sala da funerária destinada a esse fim) e por pessoas especializadas.
O responsável por realizar esses procedimentos é o tanatopraxista. Para adquirir essa formação, a pessoa deve realizar um curso técnico avançado, onde são ensinadas noções de anatomia e técnicas médicas.
Origens da Tanatopraxia?
Esses processos existem desde a pré-história, sob o nome de embalsamento. Entretanto, era um procedimento caro, destinado aos nobres. Hoje, ele é muito mais acessível, estando incluso em muitos planos de assistência funerária.
Nesse período, no Antigo Egito, existia a crença de que os faraós voltariam a seus corpos séculos após a morte. Por isso, deveriam ser preservados. Os processos de mumificação eram realizados em meio a cerimônias glamourosas.
O nome e o ressurgimento da técnica vêm do período da Guerra de Secessão estadunidense, tendo sido adotada por EUA, França e Itália no período. Durante o conflito, muitos corpos ficavam desfigurados, o que causava lembranças dolorosas a seus familiares.
No Brasil, as práticas começaram a serem adotadas na década de 1990, no estado de Minas Gerais. No início, tido como desnecessários, hoje é visto como serviço essencial em qualquer funerária.
Devemos, no entanto, destacar a diferença entre a tanatopraxia e o embalsamento. No segundo caso, existe a retirada dos órgãos no momento do processo e é aplicado o formol. Assim, o corpo pode ser preservado por um período maior de tempo. O embalsamento é obrigatório para o transporte internacional.
Qual o Papel Sanitário da Tanatopraxia?
Além dos papéis estético e emocional, a tanatopraxia exerce importante função sanitária. Isso por conta da eliminação de diversos microrganismos responsáveis por transmitirem diversas doenças.
Assim, além de recuperar a cor e aparência natural do falecido, a tanatopraxia reduz o contágio de enfermidades, já que não existe risco de derramamento de líquidos ou dispersão de odores contaminados. Isso ajuda na extensão do período do velório e no transporte do corpo, visto que atende às normas sanitárias internacionais.
Isso pois, quando alguém falece, seu corpo já entra em processo de decomposição. Com a morte, enquanto alguns patógenos são eliminados, outros começam a agir de forma mais expressiva. Isso pode botar em risco todos os que tiveram contato com o falecido.
Assim, podemos ver que o que começou como cerimônia religiosa e passou a ser considerado um procedimento estético, adquiriu um caráter sanitário. Sendo assim, a prática da tanatopraxia está se tornando, cada vez mais, um assunto de saúde pública.